Em 2006, com 19 anos, eu estava há 3 anos sem
namorar ninguém. Depois de alguns relacionamentos insignificantes decidi que o
meu próximo namorado seria para casar. É claro que parecia cedo demais para
isso, mas foi o que eu decidi sozinha e diante de Deus.
Foi então que, em julho de 2006, eu conheci
Ricardo. Na verdade, já nos conhecíamos de vista da faculdade e, devido a
cidade ser pequena, sempre nos víamos em algum lugar, por acaso, sem a menor
ideia do que nos esperava pela frente. Mas, foi nessa época que passamos a
conversar com bastante frequência. Tínhamos um casal de amigos em comum que
tentava de várias formas nos aproximar.
No dia 13 de outubro desse mesmo ano
começamos a namorar. Mas, não era um namoro comum. É que devido a minha decisão
de namorar apenas para me casar, eu sugeri um tipo de namoro cristão pouco falado:
namoro sem beijo. E foi assim durante 5 meses. Saíamos, conversávamos,
passeávamos, nos abraçávamos, mas, nada de beijos na boca. Ricardo não gostava
muito da ideia, porém, ou seria assim ou não seria de jeito nenhum, e ele
acatou. Após os 5 meses eu estava convicta de que aquele seria o homem da minha
vida, que casaria com ele e ponto final. Ele era um homem apaixonante,
responsável, educado, carinhoso! Passamos então a assumir um namoro ‘normal’
mas, claro, dentro do padrão cristão para um relacionamento entre solteiros.
Tínhamos completado um ano de namoro quando a
minha família resolveu voltar para a nossa cidade natal, na capital da Bahia. E
foi aí que o drama começou. Como continuar com um relacionamento a quase 800 km
de distância? Ricardo então propôs que ficássemos noivos, mesmo sem a menor
previsão de quando iríamos nos casar. É que tínhamos a certeza de que seria
para sempre independente das circunstancias e, um mês antes da minha mudança
trocamos aliança de noivado diante de nossa família.
Nem é preciso dizer o quanto o dia da
despedida foi terrível, uma sensação de vazio que me fazia querer pular do
carro em movimento. Mas, aos poucos, as coisas foram se acertando. Nos
falávamos várias vezes por dia com as promoções de ligações ilimitadas de
celular. Algumas vezes chegamos a passar mais de 3 horas ao telefone. Também
nos encontrávamos de vez em quando. Nos feriados, datas comemorativas, eventos
importantes, sempre dávamos um jeito de nos ver, às vezes eu viajava até ele,
outras vezes ele viajava até mim! Além disso, devido o namoro ‘sem beijo’ já
estávamos acostumados a corações ligados e corpos separados!
Ficamos assim por cerca de 1 ano e 6 meses
até que ele recebeu uma nova proposta de trabalho. Agora era ele quem teria que
mudar de cidade, um interiorzinho desconhecido na Bahia. Sem celular, com
acesso limitado a internet, sem planos de ligações interurbanas para telefones
fixos! Ficaríamos ainda mais distantes fisicamente, porém mais próximos do
nosso propósito de casamento.
Antes mesmo de conhecer a cidade que ele iria
morar eu aceitei a proposta que ele me fez: casar no final do ano e me mudar
pra cidadezinha com ele. Os 6 meses que antecederam o casamento nos vimos
apenas uma vez. Compramos os móveis e os eletrodomésticos. Ele providenciou a
casa, o carro e a lua de mel. Eu cuidei da cerimônia, da festa e do enxoval
para a nossa casa. Tudo assim, decido a distância. Nesse meio tempo, nos
falávamos apenas a noite quando ele retornava já tarde do trabalho e trocávamos
emails com fotos das coisas que tínhamos comprado ou providenciado para o
casamento e a casa.
No dia do nosso casamento fazia meses que não
nos víamos e, como o dia da noiva é mesmo uma correria isolada no salão de
beleza, só nos encontramos mesmo no altar onde selamos o nosso compromisso
conjugal.
Foram 3 anos de namoro, sendo 2 anos á
distância. Em dezembro completaremos 3 anos de casados e estamos juntos, no
total, há 6 anos. Ainda estamos morando na pequena cidadezinha desconhecida do
interior da Bahia, quase uma cidade cenográfica. Mas não importa, estamos
juntos como gostaríamos. Não nos livramos totalmente da distância. É que devido
os meus estudos de pós-graduação e alguns exames médicos costumo me ausentar
todos os meses para ir à capital. Mas esses dias distantes nos fazem relembrar
as torturantes despedidas da época de namoro e resgata dentro de nós uma
incrível sensação de saudade.
Tahiana Borges
Ai! Quero fotos da cidade "cenográfica"!
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