quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Uma história de várias distâncias


Em 2006, com 19 anos, eu estava há 3 anos sem namorar ninguém. Depois de alguns relacionamentos insignificantes decidi que o meu próximo namorado seria para casar. É claro que parecia cedo demais para isso, mas foi o que eu decidi sozinha e diante de Deus.

Foi então que, em julho de 2006, eu conheci Ricardo. Na verdade, já nos conhecíamos de vista da faculdade e, devido a cidade ser pequena, sempre nos víamos em algum lugar, por acaso, sem a menor ideia do que nos esperava pela frente. Mas, foi nessa época que passamos a conversar com bastante frequência. Tínhamos um casal de amigos em comum que tentava de várias formas nos aproximar.

No dia 13 de outubro desse mesmo ano começamos a namorar. Mas, não era um namoro comum. É que devido a minha decisão de namorar apenas para me casar, eu sugeri um tipo de namoro cristão pouco falado: namoro sem beijo. E foi assim durante 5 meses. Saíamos, conversávamos, passeávamos, nos abraçávamos, mas, nada de beijos na boca. Ricardo não gostava muito da ideia, porém, ou seria assim ou não seria de jeito nenhum, e ele acatou. Após os 5 meses eu estava convicta de que aquele seria o homem da minha vida, que casaria com ele e ponto final. Ele era um homem apaixonante, responsável, educado, carinhoso! Passamos então a assumir um namoro ‘normal’ mas, claro, dentro do padrão cristão para um relacionamento entre solteiros.

Tínhamos completado um ano de namoro quando a minha família resolveu voltar para a nossa cidade natal, na capital da Bahia. E foi aí que o drama começou. Como continuar com um relacionamento a quase 800 km de distância? Ricardo então propôs que ficássemos noivos, mesmo sem a menor previsão de quando iríamos nos casar. É que tínhamos a certeza de que seria para sempre independente das circunstancias e, um mês antes da minha mudança trocamos aliança de noivado diante de nossa família.




Nem é preciso dizer o quanto o dia da despedida foi terrível, uma sensação de vazio que me fazia querer pular do carro em movimento. Mas, aos poucos, as coisas foram se acertando. Nos falávamos várias vezes por dia com as promoções de ligações ilimitadas de celular. Algumas vezes chegamos a passar mais de 3 horas ao telefone. Também nos encontrávamos de vez em quando. Nos feriados, datas comemorativas, eventos importantes, sempre dávamos um jeito de nos ver, às vezes eu viajava até ele, outras vezes ele viajava até mim! Além disso, devido o namoro ‘sem beijo’ já estávamos acostumados a corações ligados e corpos separados!

Ficamos assim por cerca de 1 ano e 6 meses até que ele recebeu uma nova proposta de trabalho. Agora era ele quem teria que mudar de cidade, um interiorzinho desconhecido na Bahia. Sem celular, com acesso limitado a internet, sem planos de ligações interurbanas para telefones fixos! Ficaríamos ainda mais distantes fisicamente, porém mais próximos do nosso propósito de casamento.

Antes mesmo de conhecer a cidade que ele iria morar eu aceitei a proposta que ele me fez: casar no final do ano e me mudar pra cidadezinha com ele. Os 6 meses que antecederam o casamento nos vimos apenas uma vez. Compramos os móveis e os eletrodomésticos. Ele providenciou a casa, o carro e a lua de mel. Eu cuidei da cerimônia, da festa e do enxoval para a nossa casa. Tudo assim, decido a distância. Nesse meio tempo, nos falávamos apenas a noite quando ele retornava já tarde do trabalho e trocávamos emails com fotos das coisas que tínhamos comprado ou providenciado para o casamento e a casa.

No dia do nosso casamento fazia meses que não nos víamos e, como o dia da noiva é mesmo uma correria isolada no salão de beleza, só nos encontramos mesmo no altar onde selamos o nosso compromisso conjugal.




Foram 3 anos de namoro, sendo 2 anos á distância. Em dezembro completaremos 3 anos de casados e estamos juntos, no total, há 6 anos. Ainda estamos morando na pequena cidadezinha desconhecida do interior da Bahia, quase uma cidade cenográfica. Mas não importa, estamos juntos como gostaríamos. Não nos livramos totalmente da distância. É que devido os meus estudos de pós-graduação e alguns exames médicos costumo me ausentar todos os meses para ir à capital. Mas esses dias distantes nos fazem relembrar as torturantes despedidas da época de namoro e resgata dentro de nós uma incrível sensação de saudade.


Tahiana Borges

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